sábado, 20 de janeiro de 2007

Fiama Hasse Pais Brandão












Parede de betão. Ícaros no porto de Píreu. Atenas, Agosto.1991.
Isaac Pereira.
Montagem sobre fotografia de Fiama Hasse Pais Brandão. picture.


EPÍSTOLA PARA DÉDALO

Porque deste a teu filho asas de plumagem e cera
se o sol todo-poderoso no alto as desfaria?
Não me ouviu, de tão longe, porém pensei que disse:
todos os filhos são Ícaros que vão morrer no mar.
Depois regressam, pródigos, ao amor entre o sangue
dos que eram e dos que são agora, filhos dos filhos.

Fiama Hasse Pais Brandão, in Epístolas e Memorandos, 1996


Para pensar. Consideração do ensaísta Eduardo Lourenço:

Fiama é “uma espécie de concha de silêncios, onde se reflectiam todas as dores e alegrias do mundo (...) mas vamos ter agora tempo para a ler, como é costume em Portugal, onde só acordamos com os mortos nos braços” e “se há um céu para os poetas, como se diz que há para as crianças quando morrem, pela sua inocência, Fiama, que tinha esse nome maravilhoso de chama, terá nele certamente um lugar.”

Eduardo Lourenço é autor do prefácio de “Obra Breve”, livro que reúne a poesia completa de Fiama Hasse Pais Brandão (Assírio e Alvim, 2006).

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